segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fundo Norueguês só investe em países tranparentes, criando lista negra de "Estado-pária"

A Noruega anunciou na sexta-feira que tornará mais rígidos os princípios éticos que regem os seus investimentos no exterior, especialmente os do seu enorme fundo público alimentado por receitas petrolíferas, com o objetivo declarado de contribuir para um mundo melhor. O país escandinavo, terceiro maior exportador de petróleo, anunciou que renunciará à aquisição de títulos de Estados-pária, a começar pelo Mianmar, antiga Birmânia.

Trata-se do primeiro país que a Noruega coloca na "lista negra" do seu fundo. Mianmar é dirigida por uma junta militar há várias décadas. "A União Européia impôs sanções a Mianmar, e os títulos públicos desse país ficarão excluídos do fundo", explicou a ministra das Finanças, Kristin Halvorsen, ao apresentar o Livro Branco sobre o fundo de pensão.

Na realidade, o fundo de pensão público poderá excluir do seu "universo de investimentos" países sancionados pela ONU, ou por iniciativas internacionais que a Noruega apoia, afirmou a ministra. Esse fundo, constituído com recursos oriundos da exploração petrolífera no Mar do Norte, que se situa em torno de três milhões de barris diários, direciona os investimentos para ações e obrigações internacionais, é um dos melhor dotados do mundo. No fim de 2006, seu valor somava € 236 bilhões (US$ 318,6 bilhões) e a previsão é de que no final deste ano se coloque como o segundo maior fundo de investimentos do planeta.


O fundo norueguês é regido por outras normas éticas que proíbem investir em fabricantes de armas "especialmente desumanas" (químicas, nucleares, ou biológicas, minas antipessoais) e em grupos responsáveis por violações dos direitos humanos, por corrupção, ou pela degradação do meio ambiente. "Queremos utilizar o nosso fundo para incentivar o mundo a se encaminhar por um caminho melhor", explicou a ministra.


No total, 22 grupos - entre eles Boeing, Eads, Thales, Safran, BAE Systems, e Wal-Mart - foram excluídos dos investimentos do fundo por motivos éticos. O último deles foi o grupo de mineração sul-africano DRD Gold, acusado de provocar danos ao meio ambiente em Papuásia (Nova Guiné), onde explora uma mina de ouro.


Na prática, os comportamentos suspeitos de um grupo são analisados detidamente por um Conselho ético, que entrega um relatório consultivo ao governo, que decide, ou não, dar ordem ao Banco Central da Noruega - administrador do fundo - para vender a sua participação financeira. Essa decisão sempre é tornada pública, e pode gerar para a empresa, ou grupo afetado o "efeito dominó" de retirada de outros investidores.
kicker: Dirigido por uma junta militar, há décadas, Mianmar, a antiga Birmânia, é o primeiro país incluído na "lista negra" pela Noruega
 
Fonte Por Pierre-Henry Deshayes - (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)

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