Quando o governo norueguês resolveu obrigar empresas públicas e privadas de capital aberto a adotarem cotas para as mulheres em seus conselhos diretores, entre o fim de 2002 e início de 2003, foi recebido com uma enxurrada de previsões catastróficas.
Pelas novas regras, as companhias norueguesas que não tivessem 40% dos assentos de seus conselhos ocupados por mulheres até 2008 poderiam enfrentar sanções que poderiam chegar ao fechamento da empresa. Na época, a média de presença feminina era de 7%. Das 611 empresas sujeitas às novas regras, 470 não tinham nenhuma mulher em seu corpo de diretores.
Para os críticos, as empresas locais não conseguiriam encontrar profissionais com talento ou experiência para preencher as cotas femininas, ficariam sem rumo e perderiam produtividade. O PIB encolheria e o nível de emprego cairia.
Quase uma década depois da aprovação das cotas, as previsões de um cataclismo corporativo não se confirmaram. Há quem defenda até que as empresas norueguesas se tornaram mais competitivas - embora a afirmação seja controversa.
No mínimo, há consenso que as coisas continuam mais ou menos como estavam antes das cotas, como concluiu um estudo da Confederação de Empresas Norueguesas (NHO na sigla em norueguês). E em meio a crise que varre a Europa, a economia da Noruega vai surpreendentemente bem - a estimativa é que o PIB do país cresça de 2,8% a 3% neste ano, mais que o brasileiro.
Foram essas constatações que não só fizeram a Noruega se tornar um exemplo para outros europeus na adoção de cotas para as mulheres no topo das empresas, mas também arrastaram o país para o centro de um acalorado debate sobre o papel que a União Europeia (UE) deve desempenhar no tema.
Fonte: BBC Brasil
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